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  • Eu Venci

    A vida me disse sim

    Por que crianças e jovens adoecem? Lutam tão ferozmente pela vida enquanto deviam brincar e estudar? Questionamentos como estes já passaram pela cabeça de muita gente ao ver jovens guerreiros enfrentando sérias enfermidades. Isis Sobrinho, estudante de economia, de 21 anos, foi uma dessas pessoas convidadas pelo destino a lutar precocemente pela vida.

    Isis descobriu que tinha leucemia no início de 2011 e ao longo do ano cruzou um caminho repleto de desafios, misturados com sentimentos fortes e desconhecidos que transformaram a sua vida. Neste período passou pela UTI, sessões de quimioterapia e muitas idas e vindas ao Hospital Nossa Senhora das Graças. Confira abaixo esta história emocionante de fé, conquista e esperança.

    O HNSG na minha vida

    Apesar da agitação do dia a dia, da correria do trabalho e da faculdade, eu também era filha, neta, irmã, amiga e sempre procurava um tempinho para mim mesma. Estudava economia na FAE, e fazia estágio na área financeira. Tentava fazer tudo da melhor maneira possível, ainda não sabia o que realmente queria do futuro, mas gostava do que fazia, sabia que estava no caminho certo porém, no dia 09 de março de 2011, após um mal estar no carnaval a vida se encarregou de mudar meu planos, fui diagnosticada de Leucemia Mielóide Aguda. Aos 21 anos, naquele momento me senti traída pela minha própria vida, foi uma grande negação, difícil de aceitar aquelas palavras. Eu não havia tido sintomas nenhum, a doença chegou de forma misteriosa e rápida, segundos os médicos eu deveria começar o tratamento de imediato, não havia mais tempo de espera. De início, foi assustador pra mim e pra minha família, não sabíamos ainda o caminho que iríamos percorrer. Para dar inicio ao tratamento tive que trancar o meu curso e sai do emprego, mas tive muita força dos colegas da faculdade e da empresa que me acompanharam desde o inicio dessa luta.

    Logo no inicio do tratamento, por problemas respiratórios, fui transferida para UTI, onde fiquei longos 40 dias, parte entubada e sedada e outra parte em recuperação depois de ter feito a traqueostomia, o período mais difícil de todo o tratamento, onde minha família tinha que ser muito forte, diante de difíceis diagnósticos eles não podiam deixar de acreditar, por conta de uma hemorragia no pulmão minha vida passou muito próximo da morte, foi com muita fé, muita oração, com o apoio de amigos que me doaram sangue e plaquetas e com o trabalho único dos médico que consegui, acordei da sedação e comecei a me recuperar. Foi nesse período que tive maior contato com os profissionais presentes, como médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas entre outros. Como havia ficado muito tempo acamada acabei perdendo muito peso, e por conta disso ganhei muitas limitações, tive que aprender a falar, a comer, a andar e a respirar novamente, aos poucos fui me recuperando. Foi um período onde tive que adquirir muita paciência e me adaptar a uma nova rotina, tive que sair da agitação que era minha vida para aprender a ter calma. Na UTI, devido às limitações, dependia muito da ajuda dos outros, e principalmente da máquina de respiração na qual estava conectada através dos tubos ligados na traqueostomia. Apesar do medo, sempre fui muito confiante, muito forte, nunca me dei por vencida.

    Meu coração, assim como qualquer outro músculo do meu corpo, também em recuperação aprendeu a amar novamente, vi a vida de outro ângulo, com outras cores e um novo brilho.

    Após a UTI, com a energia recebida de amigos e familiares, dei inicio ao restante do tratamento internada no 3º andar posto 1 do HNSG, que se tornou meu segundo lar esse ano, e as pessoas que trabalham lá minha segunda família, intercalava sessões de quimioterapia no hospital e períodos de descanso em casa. Esse período foi mais tranqüilo, o tratamento dá um mal estar, enjôos e outros obstáculos, quer foram mais fáceis de serem superados quando se tem o apoio de uma equipe maravilhosa disposta a dedicar sua atenção a nós. Foram cinco ciclos de quimioterapia. Ao longo desses meses conheci novas histórias, novos guerreiros e heróis.

    No dia 21 de outubro de 2011 ganhei a melhor notícia de todas, recebi alta definitiva, ainda cheia de restrições, estava livre das quimioterapias, foi uma mistura de sentimentos, estava feliz por ter vencido aquela incansável luta, por outro lado estava com coração na mão de me afastar daqueles que nem por um segundo desistiram de mim. Afastar-me somente de corpo, pois carrego todos no peito, com o carinho e uma gratidão indescritível.

    Nessa batalha contra o câncer, tive altos e baixos, aprendi que não é possível ser forte por todas as horas, e que chorar e ter medo faz parte. A força vem da fé, tem dias que recebemos força, tem dias que doamos força. Durante essa luta vi amigos vencendo, e por outro lado vi amigos partindo, mas todos guerreiros!

    Hoje, após ter recebido alta, consigo enxergar o mundo de outra maneira, com novas percepções, novos valores, novos princípios. A Isis de hoje é mais próxima de Deus e carregada de Fé.

    Minha Mensagem

    Se eu pudesse ajudar alguém que passa por isso com palavras, diria pra nunca desistir, pra chorar quando tiver com vontade de chorar, de ficar triste quando quiser, é o seu direito, ninguém consegue ser forte por período integral até nas horas ruins a gente aprende. Se eu pudesse voltar no tempo escolheria passar por tudo isso novamente, hoje não vivo sem as pessoas que conheci e poder encarar a vida de forma gloriosa é uma dádiva. Sei que palavras não curam feridas, mas amortecem a dor.


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